domingo, 5 de fevereiro de 2017

O FILME RADIOGRÁFICO

O FILME RADIOGRÁFICO



As películas radiográficas estão incluídas entre os insumos radiológicos mais utilizados no serviço de radiologia. É notória, a importância dos filmes radiográficos que veio servir ao radiodiagnóstico com excelentes resultados nas análises e interpretações de imagens há mais de 100 anos. Este recurso possibilitou a impressão, a detecção, a visualização e armazenamento das imagens radiográficas obtidas através dos fótons de Radiação X, ionizante e não ionizante.

No início dos estudos radiológicos em meados do século XX com a utilização dos Raios–X, os filmes radiográficos eram poucos utilizados, pois não eram considerados eficientes no processo de captura de imagens radiográficas. As preferências na aquisição dos métodos de imagens ocorriam em torno da fluoroscopia, ou seja, estudo e visualização das estruturas do corpo em movimento. O próprio Roentgen dava preferência aos estudos e análises das estruturas do corpo, realizando o exame de imagem utilizando a fluoroscopia direta. Na descoberta dos Raios-X, Roentgen escreveu um artigo descrevendo a utilização de placas e filmes no registro de imagens produzidas através da nova descoberta. No início dos estudos médicos com a utilização dos Raios-X, os filmes radiográficos eram pouco utilizados.


UM PEQUENO HISTÓRICO

Em 1906 a Kodak fabricava o filme Transparent Film - New Formula II, com base celulósica, mais ainda pouco utilizada no processo de aquisição de imagens para radiodiagnóstico. As placas utilizadas para aquisição de imagens eram de vidro, quebravam fácil e eram muito pesadas e de difícil transporte e manuseio, diferente das películas radiográfica que são leves e podem ser manipuladas e transportadas facilmente. Com o advento da 1ª guerra mundial, o vidro utilizado nas placas fotográficas era obtido da Bélgica. O ataque alemão a marinha mercante e a invasão da Bélgica inviabilizaram a continuidade da utilização do vidro na produção das placas utilizadas nos estudos radiológicos da época. O cenário frete este contingente tornou-se sóbrio era necessário obter uma nova solução para atender a demanda pelo produto em substituição ao vidro. Em 1914 a Kodak lançou um filme radiográfico de face simples com uma sensibilidade maior que qualquer outro filme ou placa radiográfica até então disponível, mais, o filme ainda não era o ideal e tornava-se difícil seu processamento.

O mercado consumidor de insumos radiológicos necessitava de um produto que proporcionar-se melhor desempenho e qualidade nas aquisições de imagens apresentadas para o diagnóstico. O aumento do uso dos equipamentos portáteis em campo na 1ª guerra mundial acelerou as pesquisas para melhorar o desempenho dos filmes em sensibilidade e em qualidades próximas do ideal. Em 1918 a Kodak lança o filme Dupli-Tize II (dupla emulsão). Este filme de dupla emulsão, deu um salto de qualidade nos métodos de aquisição e processamento de imagens médicas, possibilitando o uso do diafragma de Potter Bucky (grade anti-difusora) no controle da radiação espalhada sobre o filme radiográfico.

A melhoria na qualidade diagnóstica das radiografias resultantes desta nova descoberta foi um fator significante no crescimento da Radiologia em todo o mundo. Os filmes radiográficos emulsionados dos dois lados “dupla face”, transformaram todas as outras formas de registro das imagens radiográficas em obsoletas da noite para o dia. Apesar disso, a introdução do filme não foi tarefa fácil, pois havia anos de preconceito a ser superado e os custos de sua aquisição eram ainda muito elevados. Neste processo de evolução novos métodos de imagens e acessórios, tiveram que ser criados para proporcionar melhor desempenho no método de aquisição das imagens radiográficas.

Em 1924 a Kodak lança o filme com base de acetato celulósico mais o custo deste filme era muito elevado. Porém, filmes inflamáveis continuaram a ser amplamente utilizados e acumulando-se em grandes quantidades nos hospitais e clínicas radiológicas. Em 1929 um desastre ocorreu com o incêndio nos filmes da Clínica Cleveland onde ceifou 124 vidas. Desde então, os filmes de acetato celulósico foram implantado e o de base de nitrato descontinuado por ser de maior potencial inflamável. No início dos anos 30, foi introduzido o filme Dk2phax, que era constituído de uma base translúcida com uma emulsão rápida que permitia a visualização da radiografia frente a qualquer fonte luz. Até então, todos os filmes radiográficos eram incolores. Em 1933, a Companhia Produtora de Filmes DuPont adicionou tinta azul a sua base, o que melhorou a qualidade diagnóstica de seus filmes.

Desde então, está prática tornou-se padrão por todos os fabricantes de filmes. Em 1936 a Ansco lança o primeiro filme para exposição direta de raios X sem tela intensificadora logo depois, a empresa foi comprada pela Agfa, sendo idealizado para ser utilizado em exposições sem telas fluorescentes, este filme tinha velocidade, contraste e definição de imagens melhores que os filmes que utilizavam telas, e foi designado primeiramente para as radiografias de extremidades. Quatro anos mais tarde, a Kodak introduziu os filmes radiográficos Blue Drand que eram revestidos com um novo tipo de emulsão que lhe conferia maior velocidade e contraste e podia ser utilizado tanto para exposição direta quanto com telas.

Em 1960, 10 anos após sua introdução na fotografia geral, o polietileno foi introduzido pela DuPon como uma nova base para filmes de raios X médico, comparado com os ésteres celulósicos, este novo material possui maior rigidez, maior estabilidade dimensional, baixa absorção de água e grande resistência e maior durabilidade. A rigidez do polietileno “teratalato” melhora a segurança no transporte em processadoras automáticas de rolo e também em processamento manual, por apresentar baixa absorção de água simplificando a secagem das radiografias. Ainda na década de 60, as bases de poliéster substituíram os filmes de base celulósica para todos os exames radiográficos para as exposições medicas em radiodiagnóstico por imagem.


O FILME RADIOGRÁFICO 

Os filmes radiográficos são fabricados para serem usados com ou sem écrans,revelados manualmente ou por processo químico (processadora de filmes), os chamados planos para uso em radiologia convencional e os chamados especiais, usados em tomografias, ultra-som e mamografia.
Os filmes são geralmente confeccionados em base de acetato de celulose (triacetato) e agora com poliéster, podem ter sua base azul ou verde.
Os filmes planos (emulsionados de ambos os lados) para exposição com pura radiação X igual aos filmes sem écrans, ainda são fabricados e muito usados em radiografias dental e industrial (eram muito usados em mamografia) apresentam uma radiografia de grande contraste, mas dependem de uma alta dose de radiação.
Os filmes planos (emulsionados de ambos os lados) para exposição com écrans são os mais usados nas radiografias convencionais ou praticamente todo tipo de exames; podem ser de maior ou menor contraste, dependendo muito de sua curva de latitude; com o uso casado com écran, diminui bastante a dose de radiação.
Os filmes especiais (emulsionados em um só lado) são muito usados em ultra-som e tomografias, assim como em mamografias.
Existem ainda filmes feitos especialmente para cinematografia, cópias de radiografias, subtração.

O armazenamento do filmes embora pareça simples deve ser com cuidados especiais, como:
* Seco: umidade relativa do ar no máximo 40 – 60%;
* Frio: temperatura ambiente não superior a 20º centígrados.
* Evitar guardar junto com produtos químicos ou influência de gases, luminescentes, tintas, gases de motores, óxido de enxofre e vapores de amoníaco. 
* Não devem ser armazenados com suas caixas uma sobre a outra, mas sim verticalmente uma ao lado da outra.
* Verificar o tempo de armazenamento, fazendo uso dos mais antigos ou com vencimentos mais próximos (verificar data de vencimento). 
* O local de armazenamento deve ser distante dos raios-x Os filmes, assim como os écrans, obedecem a um padrão de tamanho no Brasil. 

Aqui temos exemplos dos filmes mais utilizados no Brasil:

  • 13 x 18 cm 
  • 18 x 24 cm 
  • 24 x 30 cm 
  • 30 x 40 cm
  • 35 x 35 cm 
  • 35 x 43 cm 
  • 20 x 40 cm 
  • 20 x 25 cm
  • 40 x 90 cm 
  • 15 x 30 cm


Os filmes anteriores trabalhavam sob o espectro da luz azul, para acompanhar a evolução dos écrans de base verde, sofreram modificações e podem hoje trabalhar sob o espectro da luz verde, o que os tornou mais velozes.
Para uma melhor condição de trabalho radiográfico é aconselhável o uso casado de écran e filme, filme azul - écran azul, filme verde - écran verde, o uso não casado faz com que a radiografia tenha sua aparência como se estivesse com um véu sobre a imagem, ou seja, fora de foco.
A qualidade de um filme deve se enquadrar dentro dos certos requisitos, nas quais as empresas fabricantes têm se esmerado em conseguir melhorar cada vez mais.

  1.  Folha flexível e transparente como base, acetato de celulose ou poliéster com 2 mm de espessura;
  2. Emulsionada em ambas as faces com finíssimos cristais de brometo de prata, cuja pureza e qualidade possam satisfazer os diversos requisitos de nitidez e visibilidade radiografia;
  3. Base branca ou mais aproximada possível desta, de onde, portanto se inferem as seguintes conclusões:

- Não são vantajosos os filmes de espessura com folha superior ou inferior a 2 mm.
- Não são bons os filmes emulsionados por soluções de cristais maiores, a despeito a vantagem de sua velocidade radiográfica.
- Não contrastam melhor os filmes cuja coloração de base se distancia do branco.

Após o filme de base verde, quase não se usa mais o filme de base azul, pois sendo mais veloz esse filme o mesmo apresenta grandes vantagens, como:
  • Menor dose de radiação no paciente;
  • Menor tempo de exposição de raios-x;
  • Menor desgaste no tubo de raios-x;
  • Menos sensível a radiação secundária;
  • Melhor contraste na radiografia.


FATORES DETERMINANTES DA QUALIDADE DA IMAGEM RADIOGRÁFICA

FATORES DETERMINANTES DA QUALIDADE DA IMAGEM RADIOGRÁFICA

Os fatores para os quais se identifica à qualidade de uma radiografia são denominados fatores de qualidade da imagem. Os fatores são 4: densidade, contraste, detalhe e distorção. 
Densidade e contraste são propriedades fotográficas que determinam a visibilidade, ao passo que detalhe e distorção são propriedades geométricas que determinam a forma. Embora esses fatores sejam monitorados pelo radiologista, o examinador da radiografia também deverá saber como eles influenciam o resultado.


DENSIDADE RADIOGRÁFICA

A densidade radiográfica pode ser definida como sendo o grau de tonalidade na radiografia. O radiologista controla a densidade radiográfica ajustando a miliamperagem e o tempo de exposição, regulando assim, a intensidade da radiação de raios X durante a exposição. Geralmente a miliamperagem e o tempo são combinados em uma única unidade denominada miliamperes-segundo (mAs). Além isso, a distância influi na densidade radiográfica, de acordo com a lei do quadrado inverso. 
Por exemplo, duas vezes a distância da fonte de radiação vai reduzir em um quarto a densidade na radiográfica. No âmbito da radiologia, geralmente, são utilizadas distâncias padrão, de modo que a mAs constitui o fator de controle primário da densidade radiográfica. O radiologista usa seus conhecimentos sobre densidade, volume ou espessura e posicionamento do corpo do paciente para selecionar a mais apropriada para cada tipo de radiografia. Uma radiografia com subexposição (pouquíssima densidade radiográfica) ou superexposição (excesso) não reproduzirá a imagem anatômica com precisão.


                                              *Observem as diferentes densidades


CONTRASTE RADIOGRÁFICO

Na radiografia, contraste radiográfico é a diferença entre as densidades adjacentes. Uma grande diversidade de densidades produz o maior contraste, enquanto que, quanto menor for essa diversidade, menor é o contraste. Um contraste maior ou menor não é o fundamental. O objetivo principal é o detalhamento anatômico. Portanto, numa radiografia de tórax, o ideal é contraste menor, que possibilita o detalhamento das finas linhas estruturais do pulmão e as várias tonalidades cinza correspondentes aos tecidos moles do coração e dos pulmões. Contudo, no muito das vezes, a radiografia os ossos deve ser bem contrastada, para o possível detalhamento das margens corticais.
O fator de controle primário do contraste radiográfico é o ajuste correto da quilovoltagem (kVp). Quanto mais alta a kVp, maior é a intensidade da radiação, de modo que sua penetração ocorre mais uniformemente sobre todas as densidades dos tecidos. O resultado será menor perda da intensidade da radiação pela absorção dos tecidos, e, conseqüentemente, menor contraste na radiografia. Em contrapartida, quanto mais baixa a kVp, maior será a perda da intensidade da radiação, porém maior será o
contraste na radiografia.
A quilovoltagem é um fator de controle da densidade. Altas quilovoltagens resultam correspondentes aumentos da densidade, o que reduz a necessidade de mAs. A relação entre mAs e kVp é um fator de controle técnico, que reduz o risco de exposição à radiação, sem prejuízo da qualidade da radiografia. Via de regra, a prática é utilizar maior kVp e menor mAs, o que não impede a reprodução e imagens suficientes para o diagnóstico.


DETALHE RADIOGRÁFICO

Detalhe radiográfico é definido como a precisão ou nitidez geométrica das linhas estruturais reproduzidas na radiografia, é também chamado definição, nitidez, resolução, ou simplesmente detalhe. A insuficiência de detalhes é conhecida como borramento ou falta de nitidez.
O principal fator de controle do detalhe é o movimento, que pode ser voluntário, como a respiração, ou involuntário, como os batimentos cardíacos, o peristaltismo ou a vibração do equipamento.
Outros fatores que influenciam o detalhe são as distâncias entre a fonte de radiação e o paciente, o paciente e o filme, e a amplitude do feixe de radiação (ou feixe do feixe). Os raios-X obedecem às leis comuns da luz e da projeção, de forma que as variáveis mais importantes para a imagem ou radiografia é o diâmetro do feixe de radiação, a distância entre a fonte de radiação e o paciente, e a distância entre o paciente e o filme. Essas variáveis são controladas de modo a reduzir o máximo possível o borramento da imagem. Com relação ao efeito da distância do objeto a ser radiografado, o examinador deve estar ciente que quanto mais próximo o objeto estiver do filme radiográfico, mais nítida será a sua reprodução. A radiografia de tórax, por exemplo, geralmente é feita com projeção PA, porque os pulmões estão localizados na região anterior do tórax, e, portanto, essa posição fará com que eles fiquem mais próximos do filme. A coluna lombar, porém, é radiografada com projeção AP, pois, assim, ficará mais próxima do filme. Além disso, os segmentos da coluna, por estarem mais próximos do filme, serão reproduzidos com maior nitidez e os processos espinhosos serão mais bem detalhados.



                                *Observem como o detalhe permite visualizarmos bem a fratura


DISTORÇÃO RADIOGRÁFICA

Distorção, como o próprio nome indica, é a deformação ou distorção da forma do objeto radiografado. Essa reprodução distorcida é chamada distorção do tamanho ou da forma. A distorção do tamanho compreende tanto o alongamento como o encurtamento das dimensões na imagem. Os principais fatores de controle da distorção são: distância entre a fonte de radiação e o paciente, e este com o filme, o posicionamento do corpo e a incidência dos raios centrais do feixe. A distância entre a fonte de radiação e o filme, guardada na maioria das radiografias ósseas, é de 40 polegadas. A outra distância importante, entre o objeto e o filme, é variável. O controle dessas distâncias fornece o fator de magnificação da imagem. A magnificação é igual a distância existente entre a fonte de radiação e o filme, dividida pela distância entre a fonte de radiação e o paciente. Isso significa que, quanto mais próximo o objeto a ser radiografado estiver do filme, menor distorção ou magnificação ocorrerá, e melhor será o detalhamento. Ao examinar a radiografia e tentar conceber a terceira dimensão, é preciso entender que borramento e magnificação indicam que essa parte a estrutura estava distante do filme, portanto mais próximo da fonte de radiação.
A distorção da forma é a magnificação desigual da estrutura que está sendo examinada. A estrutura radiografada poderá parecer alongada, maior que a original, ou encurtada, menor que a original. Embora sejam feitos ajustes para minimizar a distorção, os planos irregulares do sistema esquelético, a distância entre eles e o filme, e a divergência do feixe de radiação, sempre possibilitam algum grau de distorção. O conceito de divergência do feixe de radiação é fundamental para a compreensão a distorção gerada. Assim como a luz, os raios X são divergentes em linha reta. Apenas a porção central do feixe que chega ao objeto e ao filme produz a radiografia. Quanto maior a distância que os raios centrais tenham que percorrer, maior será a distorção da imagem, devido aos efeitos da divergência. Além disso, quanto mais inclinada for a estrutura, maior será a distorção. Para minimizar a distorção, o corpo do paciente deverá ser posicionado junto ao filme o mais paralelo possível, e o feixe de radiação deverá ser focado o mais diretamente possível sobre o objeto ou estrutura a ser radiografada. O correto posicionamento do corpo resulta menor distorção e maior abertura das articulações, ou seja, os espaços articulares serão radiografados sem interferência das extremidades ósseas.