domingo, 26 de fevereiro de 2017

OS ÉCRANS INTENSIFICADORES

OS ÉCRANS INTENSIFICADORES




A preocupação sempre presente na tecnologia radiográfica de se desenvolver sistemas operacionais visando à redução da dose de exposição do corpo humano radiográfico levou não só ao esforço de aumento constante na sensibilidade dos filmes, como também à introdução dos écrans intensificadores.
A importância dos écrans na redução significativa da dose de exposição aos raiosx resulta, inicialmente, da baixa eficiência do processo de formação de imagem por exposição direta aos mesmos. Os écrans, pelas propriedades das substâncias que os constituem, ao serem expostos nos raios-x, emitem luz visível, basicamente azul, que coincide com a faixa de sensibilidade característica dos cristais de Haleto de Prata do filme.


O PRINCÍPIO FUNCIONAL DO ÉCRAN

A propriedade do écran de emitir luz quando exposto aos raios-x chama-se fluorescência.
Um material é chamado fluorescente quando tem a propriedade de emitir luz visível ao ser exposto a um feixe de radiação de pequeno comprimento de onda, como os raios-x, sendo que essa emissão desaparece quando a exposição é interrompida.
Vários outros materiais também apresentam essa propriedade de emitir luz visível quando sobre eles incidem raios-x, porém a emissão permanece por algum tempo após esta exposição ter sido interrompida. Esta propriedade é chamada fosforescência e é indesejável na prática radiográfica no uso de écrans.
A maioria dos écrans intensificadores usados atualmente faz uso do sal fluorescente
tungstato de cálcio, em microcristais, como agente emissor de luz. Este é normalmente aplicado em uma base tipo cartão e geralmente coberto com uma resina de proteção.
Sob a camada emissora, existe uma outra, branca e com propriedade refletora, para que a maior quantidade possível da luz emitida pelo écran seja levada a atuar sobre o filme.


A ESTRUTURA TÍPICA DO ÉCRAN

Com o uso, a superfície dos écrans pode apresentar mofo e outros depósitos indesejáveis, que podem absorver, por exemplo, parte da luz emitida por ele, levando a falhas na imagem sobre o filme ou, em outros casos, pode ocorrer reduções na eficiência geral do sistema por absorção distribuída da luz emitida.
Além disso, com o tempo, a adesão de material sobre as superfícies emissoras pode levar ao acúmulo de cargas eletrostáticas que, como resultado de grupamentos dos filmes com as mesmas, pode levar a ocorrência de descargas, quando da retirada das películas após a exposição, danificando as imagens.
Ao se instalar écrans novos nos chassis e também durante o seu uso, deve-se verificar, periodicamente, a possível ocorrência de danos, como falhas na camada de proteção dos cartões dos écrans. A camada de proteção é aplicada com o objetivo de evitar o acúmulo de cargas eletrostáticas sobre as superfícies, proteger a camada emissora propriamente dita, e também, prover uma superfície resistente que permita a limpeza periódica, desde que cuidadosa sem danos às mesmas.
A camada protetora pode se gastar com o tempo, tanto por fricção com os filmes quanto por repetido processo de limpeza.
A limpeza cuidadosa empregando, por exemplo, um algodão embebido em uma solução de sabão neutro, mas sem encharcar os cartões, pode estender a vida útil do écran, ao manter suas superfícies livres de partículas abrasivas. Após a limpeza das superfícies, deve-se deixar que elas sequem completamente, antes de fechar os chassis.
Atenção especial deve ser dada ao procedimento da introdução e retirada dos filmes dos écrans. Colocar e retirar as películas com cuidado, evitando atritos, que podem produzir marcas nas superfícies fotossensíveis, além de danificar, com o tempo, as camadas protetoras dos écrans.




A EXPOSIÇÃO DOS FILMES COM O USO DOS ÉCRANS

Os filmes radiográficos são constituídos por bases de poliéster revestidas em ambas as faces com camadas de emulsão de alta sensibilidade, para obter-se o maior rendimento no processo de exposição, isto é, para produzir imagens de densidades adequadas com doses de radiação aceitáveis para maior segurança do paciente.
Durante a exposição com raios-x, as camadas de emulsão são colocadas em contato com os écrans intensificadores, de modo que o feixe de radiação modulado pelas estruturas do corpo do paciente, contendo informações de imagem, incide sobre o primeiro écran, levando à produção de luz e impressionando o filme. Parte do feixe o atravessa, sem ação, e atua sobre o segundo écran, cuja emissão de luz impressiona a camada de emulsão da outra face. Apenas uma pequena parte a contribuição às densidades das imagens obtidas, é dada pelos raios-x incidindo sobre os cristais de Haleto de Prata, devido à sua baixa eficiência na ação direta.


ÉCRAN DE TERRAS RARAS

Introduzido em 1896 por Thomas Edson, o tungstato de cálcio (CaWO4) sempre foi empregado para écrans radiológicos intensificadores, com uma eficiência de 3 a 5% de conversão de raios-x a luz.
Pesquisas recentes, no entanto, desenvolveram novos materiais fosforados para esses écrans, que estão sendo aceitos rapidamente.
O termo “terras raras” descreve elementos minerais pouco encontrados na natureza:
gadelinium-lanthanum e yitrium. As composições dos quatro fósforos de terras raras principais são:

1. O sulieto de gadolinium térbio ativado;
2. Oxisulfeto de lanthanum térbio ativado;
3. Oxisulfeto de yitrium térbio ativado;
4. Oxibrometo de lanthanum.

Esses écrans de terras raras têm uma vantagem principal sobre os écrans convencionais de tungstato de cálcio: velocidade. Eles são fabricados para atuarem em vários níveis de velocidade, mas, sem dúvida, são duplamente mais velozes que os de tungstato de cálcio. Esse aumento de velocidade se faz sem perda de resolução.
Entretanto, com écrans de terras raras mais rápidos, os efeitos de “quantum mottle” são notáveis e até podem se tornar incômodos.
As vantagens desses écrans são óbvias, pois sendo mais rápidos, técnicas radiográficas mais rápidas podem ser empregadas, daí, resultando doses mais baixas.
Por outro lado, os écrans de terras raras provocam uma redução geral de irradiação no ambiente e, quando usados exclusivamente, podem influenciar o desenho da planta física, dispensando maiores proteções. A técnica radiográfica mais baixa também resulta no dobro de vida útil da ampola.
Os écrans de terras raras aumentam a sensibilidade através de uma absorção maior de raios-x, ou seja, de uma conversão mal eficiente de energia de raios-x em luz, no filme radiográfico. A luz emitida por esses écrans difere daquela do tungstato de cálcio, por isso mesmo, para se usar os écrans de terras raras, é necessário uma técnica aprimorada.


*”Quantum mottle” é o efeito verificado em filmes radiográficos, produzindo autuações na densidade, com aparência de sombreado (indefinido da imagem, ou manchas ou sinal mosqueado) que é provocado pelo número de “quanta” de raios-x absorvido por unidade, na área do filme, durante o tempo de exposição. Esse efeito é encontrado com o uso de écrans intensificadores, rápidos e muito rápidos.

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