domingo, 26 de fevereiro de 2017

TERMINOLOGIAS RADIOGRÁFICAS

TERMINOLOGIA RADIOGRÁFICA


O posicionamento radiográfico refere-se ao estudo do posicionamento do paciente para demonstrar radiograficamente ou visualizar partes específicas do corpo nos filmes.
É essencial que cada pessoa que planeja trabalhar como técnico/radiologista compreenda claramente o emprego correto da terminologia de posicionamento.


TERMOS GERAIS

Radiografia: É um filme ou outro material de base que possui uma imagem processada de uma determinada região anatômica do paciente (produzida pela ação dos raios-x no filme).

Radiografar: É a produção de radiografias e/ou outras formas de imagens radiográficas.

Radiografia X Filme de Raios-x: Na prática, os termos radiografia e filme de raios-x (ou apenas filme) são frequentemente usados sem distinção entre si. O filme de raios-x refere-se especificamente à parte física do material onde a imagem radiográfica será exposta.
O termo radiografia inclui o filme e as imagens radiográficas: As imagens radiográficas podem ser obtidas, vistas e armazenadas como cópias físicas (radiografias) ou como imagens digitais, que podem ser manipuladas, vistas e armazena-las digitalmente. 


POSIÇÃO ANATÔMICA

Em posição vertical, braços aduzidos (para baixo), palmas para a frente, cabeça e pés virados exatamente para a frente. Essa posição corporal específica é usada como referência para outros termos de posicionamento.
Observação: Uma regra geral para se estudar uma radiografia é exibi-la de forma que o paciente fique de frente para o observador, com o paciente em posição anatômica.





PLANOS CORPÓREOS, CORTES E LINHAS


Os termos de posicionamento que descrevem os ângulos do raio central (RC) ou as relações entre as partes do corpo são frequentemente relacionados aos planos imaginários que passam através do corpo em posição anatômica. O estudo de uma TC (tomografia computadorizada) e de uma RM (ressonância magnética) enfatiza a anatomia seccional, que também envolve os planos.

PLANO: Superfície em linha reta que une dois pontos. Quatro planos comuns são usados em radiologia:

• Plano sagital: Um plano sagital é qualquer plano longitudinal que divide o corpo em uma parte direita e uma parte esquerda. O plano médio-sagital, por vezes chamado também de plano mediano, é um plano sagital que passa pela linha média dividindo o corpo em duas partes iguais, uma direita e uma esquerda. Ela passa aproximadamente através da sutura sagital do crânio. Qualquer plano paralelo ao plano mediano ou médio-sagital é chamado de plano sagital.


• Plano Coronal: Um plano coronal é qualquer plano longitudinal que divida o corpo em partes anterior e posterior. O plano médio-coronal divide o corpo em partes anteriores e posteriores iguais. É denominado plano coronal porque passa aproximadamente através da sutura coronal do crânio. Qualquer plano paralelo ao plano médio-coronal ou frontal é denominado plano coronal.



• Plano Axial (Horizontal): Um plano Axial (Horizontal) é qualquer plano transverso que passa através do corpo em ângulo reto ao plano longitudinal, dividindo o corpo em porções superior e inferior.




• Plano Oblíquo: Um plano oblíquo é um plano longitudinal ou transverso que está angulado ou inclinado e não paralelo aos planos sagital, coronal ou horizontal.






CORTE: Uma Superfície de “Corte” ou “Fatia”.

•Cortes longitudinais: sagital, coronal e oblíquo. Esses cortes são feitos longitudinalmente na direção do eixo longitudinal do corpo ou de qualquer uma de suas partes, independentemente da posição do corpo (em pé ou deitado). Os cortes longitudinais podem ser feitos nos planos sagital, coronal ou oblíquo.

• Cortes transversais ou axiais: Os cortes são feitos em ângulo reto ao longo de qualquer ponto do eixo longitudinal do corpo ou de qualquer uma de suas partes. Imagens sagital, coronal e axial: As imagens por TC e de RM são obtidas nessas três incidências ou orientações comuns (Cortes de RM são mostrados).


PLANO DA BASE DO CRÂNIO

• Plano Transverso: Esse plano transverso preciso é formado pela conexão de linhas das margens infraorbitárias (limite inferior das órbitas ósseas) às margens superiores do meato acústico externo (MAE, a abertura externa do ouvido).
Algumas vezes, também é chamado de plano antropológico ou plano horizontal de Frankfurt, como usado em ortodontia e em topografia craniana para medir e localizar pontos cranianos específicos ou estruturas.




• Plano de Oclusão: Esse plano horizontal é formado pelas superfícies de mordedura dos dentes superiores e inferiores com a mandíbula fechada (usado como um plano de referência da cabeça nas radiografias dentais e de crânio).






TOPOGRAFIA DO CRÂNIO (MARCOS DE SUPERFÍCIE)


Certos marcos de superfície e linhas de localização são usados para um posicionamento preciso do crânio. Cada uma das seguintes estruturas topográficas pode ser vista ou palpada.

• Marcos nas Vistas Anterior e Lateral: A crista superciliar (arco) é a crista ou arco ósseo sobre a fronte diretamente acima de cada olho. Ligeiramente acima dessa crista está um discreto sulco ou depressão, denominado sulco supraorbitário, é importante, pois corresponde ao nível mais elevado da massa óssea facial, que também está no nível do assoalho da fossa anterior da calota craniana. 
A glabela é a área triangular lisa, ligeiramente elevada, situada entre as sobrancelhas (um pouco acima delas e da ponte nasal). 
O násio é a depressão na ponte do nariz. Anatomicamente, o násio é a junção dos dois ossos nasais e do osso frontal. 
O acântion é o ponto da linha média na junção do lábio superior com o septo nasal. Esse é o ponto no qual o nariz encontra com o lábio superior.
O ângulo ou gônio refere-se ao ângulo posterior inferior de cada lado da mandíbula. Uma área plana e triangular se projeta para frente como um queixo (mento) nos seres humanos. O ponto médio dessa área do queixo, visto de frente, é denominado ponto mentoniano. 





• Planos Corporais: O plano mediossagital (PMS) ou mediano divide o corpo em metades, esquerda e direita. Esse plano é importante no posicionamento preciso do crânio, pois em toda incidência AP e PA ou lateral, o plano mediossagital está ou perpendicular ou paralelo ao plano do filme. A linha interpupilar (LlP) ou interorbital é a linha que conecta as pupilas ou os cantos externos dos olhos dos pacientes. Quando a cabeça está colocada em uma posição lateral verdadeira, a linha interpupilar deve estar exatamente perpendicular ao plano do filme.

• Orelha: Partes da orelha que podem ser usadas como marcos de posicionamento são a aurícula ou pavilhão auditivo (porção externa da orelha), a ampla borda da orelha, feita de cartilagem, e o trago, a pequena borda cartilaginosa que cobre a abertura da orelha. O TIO (topo da inserção das orelhas) refere-se à fixação superior da aurícula, ou àquela parte na qual as hastes dos óculos repousam. Esse é um marco importante, pois corresponde ao nível da crista petrosa de cada lado.

• Olho: As junções das pálpebras superiores e inferiores são denominadas cantos.
Assim, o canto interno é o lugar onde as pálpebras encontram o nariz; a junção mais lateral das pálpebras é denominada canto externo. A borda superior da órbita óssea do olho é chamada de margem supraorbitária, ou MSO, e a borda inferior é denominada margem infraorbitária, ou MIO. Outro marco é a margem orbitária lateral média, a porção da borda lateral próxima ao canto externo do olho.





TERMOS PARA A PORÇÃO POSTERIOR E ANTERIOR DO CORPO

• Posterior ou dorsal: Refere-se à metade dorsal do paciente, ou aquela parte do corpo observada quando vemos uma pessoa de costas; incluem as plantas dos pés e o dorso das mãos na posição anatômica.


• Anterior ou ventral: Refere-se à metade frontal do paciente, ou aquela parte do corpo observada quando vemos uma pessoa de frente; inclui o dorso dos pés e as palmas das mãos na posição anatômica.





TERMOS PARA SUPERFÍCIES DAS MÃOS E DOS PÉS

Três termos são usados em radiologia para descrever superfícies específicas dos membros superiores e inferiores como descritos a seguir:

• Plantar: Refere-se à região plantar ou à superfície posterior do pé.

• Dorso:
*Pé: Refere-se à parte de cima ou à superfície anterior do pé.
*Mão: Refere-se à parte de trás ou à parte posterior da mão.
Observação: Os termos dorso ou dorsal em geral referem-se à parte posterior ou vertebral do corpo. Entretanto, quando usado em relação aos pés, o dorso refere-se especificamente à superfície superior, ou aspecto anterior, do pé em oposição à sola, mas, para a mão, à parte de trás ou posterior, é a superfície oposta à palma.

• Palmar (volar): Refere-se à palma da mão; na posição anatômica, é o mesmo que superfície anterior ou ventral da mão. Superfícies dorsal e palmar da mão.

OS ÉCRANS INTENSIFICADORES

OS ÉCRANS INTENSIFICADORES




A preocupação sempre presente na tecnologia radiográfica de se desenvolver sistemas operacionais visando à redução da dose de exposição do corpo humano radiográfico levou não só ao esforço de aumento constante na sensibilidade dos filmes, como também à introdução dos écrans intensificadores.
A importância dos écrans na redução significativa da dose de exposição aos raiosx resulta, inicialmente, da baixa eficiência do processo de formação de imagem por exposição direta aos mesmos. Os écrans, pelas propriedades das substâncias que os constituem, ao serem expostos nos raios-x, emitem luz visível, basicamente azul, que coincide com a faixa de sensibilidade característica dos cristais de Haleto de Prata do filme.


O PRINCÍPIO FUNCIONAL DO ÉCRAN

A propriedade do écran de emitir luz quando exposto aos raios-x chama-se fluorescência.
Um material é chamado fluorescente quando tem a propriedade de emitir luz visível ao ser exposto a um feixe de radiação de pequeno comprimento de onda, como os raios-x, sendo que essa emissão desaparece quando a exposição é interrompida.
Vários outros materiais também apresentam essa propriedade de emitir luz visível quando sobre eles incidem raios-x, porém a emissão permanece por algum tempo após esta exposição ter sido interrompida. Esta propriedade é chamada fosforescência e é indesejável na prática radiográfica no uso de écrans.
A maioria dos écrans intensificadores usados atualmente faz uso do sal fluorescente
tungstato de cálcio, em microcristais, como agente emissor de luz. Este é normalmente aplicado em uma base tipo cartão e geralmente coberto com uma resina de proteção.
Sob a camada emissora, existe uma outra, branca e com propriedade refletora, para que a maior quantidade possível da luz emitida pelo écran seja levada a atuar sobre o filme.


A ESTRUTURA TÍPICA DO ÉCRAN

Com o uso, a superfície dos écrans pode apresentar mofo e outros depósitos indesejáveis, que podem absorver, por exemplo, parte da luz emitida por ele, levando a falhas na imagem sobre o filme ou, em outros casos, pode ocorrer reduções na eficiência geral do sistema por absorção distribuída da luz emitida.
Além disso, com o tempo, a adesão de material sobre as superfícies emissoras pode levar ao acúmulo de cargas eletrostáticas que, como resultado de grupamentos dos filmes com as mesmas, pode levar a ocorrência de descargas, quando da retirada das películas após a exposição, danificando as imagens.
Ao se instalar écrans novos nos chassis e também durante o seu uso, deve-se verificar, periodicamente, a possível ocorrência de danos, como falhas na camada de proteção dos cartões dos écrans. A camada de proteção é aplicada com o objetivo de evitar o acúmulo de cargas eletrostáticas sobre as superfícies, proteger a camada emissora propriamente dita, e também, prover uma superfície resistente que permita a limpeza periódica, desde que cuidadosa sem danos às mesmas.
A camada protetora pode se gastar com o tempo, tanto por fricção com os filmes quanto por repetido processo de limpeza.
A limpeza cuidadosa empregando, por exemplo, um algodão embebido em uma solução de sabão neutro, mas sem encharcar os cartões, pode estender a vida útil do écran, ao manter suas superfícies livres de partículas abrasivas. Após a limpeza das superfícies, deve-se deixar que elas sequem completamente, antes de fechar os chassis.
Atenção especial deve ser dada ao procedimento da introdução e retirada dos filmes dos écrans. Colocar e retirar as películas com cuidado, evitando atritos, que podem produzir marcas nas superfícies fotossensíveis, além de danificar, com o tempo, as camadas protetoras dos écrans.




A EXPOSIÇÃO DOS FILMES COM O USO DOS ÉCRANS

Os filmes radiográficos são constituídos por bases de poliéster revestidas em ambas as faces com camadas de emulsão de alta sensibilidade, para obter-se o maior rendimento no processo de exposição, isto é, para produzir imagens de densidades adequadas com doses de radiação aceitáveis para maior segurança do paciente.
Durante a exposição com raios-x, as camadas de emulsão são colocadas em contato com os écrans intensificadores, de modo que o feixe de radiação modulado pelas estruturas do corpo do paciente, contendo informações de imagem, incide sobre o primeiro écran, levando à produção de luz e impressionando o filme. Parte do feixe o atravessa, sem ação, e atua sobre o segundo écran, cuja emissão de luz impressiona a camada de emulsão da outra face. Apenas uma pequena parte a contribuição às densidades das imagens obtidas, é dada pelos raios-x incidindo sobre os cristais de Haleto de Prata, devido à sua baixa eficiência na ação direta.


ÉCRAN DE TERRAS RARAS

Introduzido em 1896 por Thomas Edson, o tungstato de cálcio (CaWO4) sempre foi empregado para écrans radiológicos intensificadores, com uma eficiência de 3 a 5% de conversão de raios-x a luz.
Pesquisas recentes, no entanto, desenvolveram novos materiais fosforados para esses écrans, que estão sendo aceitos rapidamente.
O termo “terras raras” descreve elementos minerais pouco encontrados na natureza:
gadelinium-lanthanum e yitrium. As composições dos quatro fósforos de terras raras principais são:

1. O sulieto de gadolinium térbio ativado;
2. Oxisulfeto de lanthanum térbio ativado;
3. Oxisulfeto de yitrium térbio ativado;
4. Oxibrometo de lanthanum.

Esses écrans de terras raras têm uma vantagem principal sobre os écrans convencionais de tungstato de cálcio: velocidade. Eles são fabricados para atuarem em vários níveis de velocidade, mas, sem dúvida, são duplamente mais velozes que os de tungstato de cálcio. Esse aumento de velocidade se faz sem perda de resolução.
Entretanto, com écrans de terras raras mais rápidos, os efeitos de “quantum mottle” são notáveis e até podem se tornar incômodos.
As vantagens desses écrans são óbvias, pois sendo mais rápidos, técnicas radiográficas mais rápidas podem ser empregadas, daí, resultando doses mais baixas.
Por outro lado, os écrans de terras raras provocam uma redução geral de irradiação no ambiente e, quando usados exclusivamente, podem influenciar o desenho da planta física, dispensando maiores proteções. A técnica radiográfica mais baixa também resulta no dobro de vida útil da ampola.
Os écrans de terras raras aumentam a sensibilidade através de uma absorção maior de raios-x, ou seja, de uma conversão mal eficiente de energia de raios-x em luz, no filme radiográfico. A luz emitida por esses écrans difere daquela do tungstato de cálcio, por isso mesmo, para se usar os écrans de terras raras, é necessário uma técnica aprimorada.


*”Quantum mottle” é o efeito verificado em filmes radiográficos, produzindo autuações na densidade, com aparência de sombreado (indefinido da imagem, ou manchas ou sinal mosqueado) que é provocado pelo número de “quanta” de raios-x absorvido por unidade, na área do filme, durante o tempo de exposição. Esse efeito é encontrado com o uso de écrans intensificadores, rápidos e muito rápidos.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

O FILME RADIOGRÁFICO

O FILME RADIOGRÁFICO



As películas radiográficas estão incluídas entre os insumos radiológicos mais utilizados no serviço de radiologia. É notória, a importância dos filmes radiográficos que veio servir ao radiodiagnóstico com excelentes resultados nas análises e interpretações de imagens há mais de 100 anos. Este recurso possibilitou a impressão, a detecção, a visualização e armazenamento das imagens radiográficas obtidas através dos fótons de Radiação X, ionizante e não ionizante.

No início dos estudos radiológicos em meados do século XX com a utilização dos Raios–X, os filmes radiográficos eram poucos utilizados, pois não eram considerados eficientes no processo de captura de imagens radiográficas. As preferências na aquisição dos métodos de imagens ocorriam em torno da fluoroscopia, ou seja, estudo e visualização das estruturas do corpo em movimento. O próprio Roentgen dava preferência aos estudos e análises das estruturas do corpo, realizando o exame de imagem utilizando a fluoroscopia direta. Na descoberta dos Raios-X, Roentgen escreveu um artigo descrevendo a utilização de placas e filmes no registro de imagens produzidas através da nova descoberta. No início dos estudos médicos com a utilização dos Raios-X, os filmes radiográficos eram pouco utilizados.


UM PEQUENO HISTÓRICO

Em 1906 a Kodak fabricava o filme Transparent Film - New Formula II, com base celulósica, mais ainda pouco utilizada no processo de aquisição de imagens para radiodiagnóstico. As placas utilizadas para aquisição de imagens eram de vidro, quebravam fácil e eram muito pesadas e de difícil transporte e manuseio, diferente das películas radiográfica que são leves e podem ser manipuladas e transportadas facilmente. Com o advento da 1ª guerra mundial, o vidro utilizado nas placas fotográficas era obtido da Bélgica. O ataque alemão a marinha mercante e a invasão da Bélgica inviabilizaram a continuidade da utilização do vidro na produção das placas utilizadas nos estudos radiológicos da época. O cenário frete este contingente tornou-se sóbrio era necessário obter uma nova solução para atender a demanda pelo produto em substituição ao vidro. Em 1914 a Kodak lançou um filme radiográfico de face simples com uma sensibilidade maior que qualquer outro filme ou placa radiográfica até então disponível, mais, o filme ainda não era o ideal e tornava-se difícil seu processamento.

O mercado consumidor de insumos radiológicos necessitava de um produto que proporcionar-se melhor desempenho e qualidade nas aquisições de imagens apresentadas para o diagnóstico. O aumento do uso dos equipamentos portáteis em campo na 1ª guerra mundial acelerou as pesquisas para melhorar o desempenho dos filmes em sensibilidade e em qualidades próximas do ideal. Em 1918 a Kodak lança o filme Dupli-Tize II (dupla emulsão). Este filme de dupla emulsão, deu um salto de qualidade nos métodos de aquisição e processamento de imagens médicas, possibilitando o uso do diafragma de Potter Bucky (grade anti-difusora) no controle da radiação espalhada sobre o filme radiográfico.

A melhoria na qualidade diagnóstica das radiografias resultantes desta nova descoberta foi um fator significante no crescimento da Radiologia em todo o mundo. Os filmes radiográficos emulsionados dos dois lados “dupla face”, transformaram todas as outras formas de registro das imagens radiográficas em obsoletas da noite para o dia. Apesar disso, a introdução do filme não foi tarefa fácil, pois havia anos de preconceito a ser superado e os custos de sua aquisição eram ainda muito elevados. Neste processo de evolução novos métodos de imagens e acessórios, tiveram que ser criados para proporcionar melhor desempenho no método de aquisição das imagens radiográficas.

Em 1924 a Kodak lança o filme com base de acetato celulósico mais o custo deste filme era muito elevado. Porém, filmes inflamáveis continuaram a ser amplamente utilizados e acumulando-se em grandes quantidades nos hospitais e clínicas radiológicas. Em 1929 um desastre ocorreu com o incêndio nos filmes da Clínica Cleveland onde ceifou 124 vidas. Desde então, os filmes de acetato celulósico foram implantado e o de base de nitrato descontinuado por ser de maior potencial inflamável. No início dos anos 30, foi introduzido o filme Dk2phax, que era constituído de uma base translúcida com uma emulsão rápida que permitia a visualização da radiografia frente a qualquer fonte luz. Até então, todos os filmes radiográficos eram incolores. Em 1933, a Companhia Produtora de Filmes DuPont adicionou tinta azul a sua base, o que melhorou a qualidade diagnóstica de seus filmes.

Desde então, está prática tornou-se padrão por todos os fabricantes de filmes. Em 1936 a Ansco lança o primeiro filme para exposição direta de raios X sem tela intensificadora logo depois, a empresa foi comprada pela Agfa, sendo idealizado para ser utilizado em exposições sem telas fluorescentes, este filme tinha velocidade, contraste e definição de imagens melhores que os filmes que utilizavam telas, e foi designado primeiramente para as radiografias de extremidades. Quatro anos mais tarde, a Kodak introduziu os filmes radiográficos Blue Drand que eram revestidos com um novo tipo de emulsão que lhe conferia maior velocidade e contraste e podia ser utilizado tanto para exposição direta quanto com telas.

Em 1960, 10 anos após sua introdução na fotografia geral, o polietileno foi introduzido pela DuPon como uma nova base para filmes de raios X médico, comparado com os ésteres celulósicos, este novo material possui maior rigidez, maior estabilidade dimensional, baixa absorção de água e grande resistência e maior durabilidade. A rigidez do polietileno “teratalato” melhora a segurança no transporte em processadoras automáticas de rolo e também em processamento manual, por apresentar baixa absorção de água simplificando a secagem das radiografias. Ainda na década de 60, as bases de poliéster substituíram os filmes de base celulósica para todos os exames radiográficos para as exposições medicas em radiodiagnóstico por imagem.


O FILME RADIOGRÁFICO 

Os filmes radiográficos são fabricados para serem usados com ou sem écrans,revelados manualmente ou por processo químico (processadora de filmes), os chamados planos para uso em radiologia convencional e os chamados especiais, usados em tomografias, ultra-som e mamografia.
Os filmes são geralmente confeccionados em base de acetato de celulose (triacetato) e agora com poliéster, podem ter sua base azul ou verde.
Os filmes planos (emulsionados de ambos os lados) para exposição com pura radiação X igual aos filmes sem écrans, ainda são fabricados e muito usados em radiografias dental e industrial (eram muito usados em mamografia) apresentam uma radiografia de grande contraste, mas dependem de uma alta dose de radiação.
Os filmes planos (emulsionados de ambos os lados) para exposição com écrans são os mais usados nas radiografias convencionais ou praticamente todo tipo de exames; podem ser de maior ou menor contraste, dependendo muito de sua curva de latitude; com o uso casado com écran, diminui bastante a dose de radiação.
Os filmes especiais (emulsionados em um só lado) são muito usados em ultra-som e tomografias, assim como em mamografias.
Existem ainda filmes feitos especialmente para cinematografia, cópias de radiografias, subtração.

O armazenamento do filmes embora pareça simples deve ser com cuidados especiais, como:
* Seco: umidade relativa do ar no máximo 40 – 60%;
* Frio: temperatura ambiente não superior a 20º centígrados.
* Evitar guardar junto com produtos químicos ou influência de gases, luminescentes, tintas, gases de motores, óxido de enxofre e vapores de amoníaco. 
* Não devem ser armazenados com suas caixas uma sobre a outra, mas sim verticalmente uma ao lado da outra.
* Verificar o tempo de armazenamento, fazendo uso dos mais antigos ou com vencimentos mais próximos (verificar data de vencimento). 
* O local de armazenamento deve ser distante dos raios-x Os filmes, assim como os écrans, obedecem a um padrão de tamanho no Brasil. 

Aqui temos exemplos dos filmes mais utilizados no Brasil:

  • 13 x 18 cm 
  • 18 x 24 cm 
  • 24 x 30 cm 
  • 30 x 40 cm
  • 35 x 35 cm 
  • 35 x 43 cm 
  • 20 x 40 cm 
  • 20 x 25 cm
  • 40 x 90 cm 
  • 15 x 30 cm


Os filmes anteriores trabalhavam sob o espectro da luz azul, para acompanhar a evolução dos écrans de base verde, sofreram modificações e podem hoje trabalhar sob o espectro da luz verde, o que os tornou mais velozes.
Para uma melhor condição de trabalho radiográfico é aconselhável o uso casado de écran e filme, filme azul - écran azul, filme verde - écran verde, o uso não casado faz com que a radiografia tenha sua aparência como se estivesse com um véu sobre a imagem, ou seja, fora de foco.
A qualidade de um filme deve se enquadrar dentro dos certos requisitos, nas quais as empresas fabricantes têm se esmerado em conseguir melhorar cada vez mais.

  1.  Folha flexível e transparente como base, acetato de celulose ou poliéster com 2 mm de espessura;
  2. Emulsionada em ambas as faces com finíssimos cristais de brometo de prata, cuja pureza e qualidade possam satisfazer os diversos requisitos de nitidez e visibilidade radiografia;
  3. Base branca ou mais aproximada possível desta, de onde, portanto se inferem as seguintes conclusões:

- Não são vantajosos os filmes de espessura com folha superior ou inferior a 2 mm.
- Não são bons os filmes emulsionados por soluções de cristais maiores, a despeito a vantagem de sua velocidade radiográfica.
- Não contrastam melhor os filmes cuja coloração de base se distancia do branco.

Após o filme de base verde, quase não se usa mais o filme de base azul, pois sendo mais veloz esse filme o mesmo apresenta grandes vantagens, como:
  • Menor dose de radiação no paciente;
  • Menor tempo de exposição de raios-x;
  • Menor desgaste no tubo de raios-x;
  • Menos sensível a radiação secundária;
  • Melhor contraste na radiografia.


FATORES DETERMINANTES DA QUALIDADE DA IMAGEM RADIOGRÁFICA

FATORES DETERMINANTES DA QUALIDADE DA IMAGEM RADIOGRÁFICA

Os fatores para os quais se identifica à qualidade de uma radiografia são denominados fatores de qualidade da imagem. Os fatores são 4: densidade, contraste, detalhe e distorção. 
Densidade e contraste são propriedades fotográficas que determinam a visibilidade, ao passo que detalhe e distorção são propriedades geométricas que determinam a forma. Embora esses fatores sejam monitorados pelo radiologista, o examinador da radiografia também deverá saber como eles influenciam o resultado.


DENSIDADE RADIOGRÁFICA

A densidade radiográfica pode ser definida como sendo o grau de tonalidade na radiografia. O radiologista controla a densidade radiográfica ajustando a miliamperagem e o tempo de exposição, regulando assim, a intensidade da radiação de raios X durante a exposição. Geralmente a miliamperagem e o tempo são combinados em uma única unidade denominada miliamperes-segundo (mAs). Além isso, a distância influi na densidade radiográfica, de acordo com a lei do quadrado inverso. 
Por exemplo, duas vezes a distância da fonte de radiação vai reduzir em um quarto a densidade na radiográfica. No âmbito da radiologia, geralmente, são utilizadas distâncias padrão, de modo que a mAs constitui o fator de controle primário da densidade radiográfica. O radiologista usa seus conhecimentos sobre densidade, volume ou espessura e posicionamento do corpo do paciente para selecionar a mais apropriada para cada tipo de radiografia. Uma radiografia com subexposição (pouquíssima densidade radiográfica) ou superexposição (excesso) não reproduzirá a imagem anatômica com precisão.


                                              *Observem as diferentes densidades


CONTRASTE RADIOGRÁFICO

Na radiografia, contraste radiográfico é a diferença entre as densidades adjacentes. Uma grande diversidade de densidades produz o maior contraste, enquanto que, quanto menor for essa diversidade, menor é o contraste. Um contraste maior ou menor não é o fundamental. O objetivo principal é o detalhamento anatômico. Portanto, numa radiografia de tórax, o ideal é contraste menor, que possibilita o detalhamento das finas linhas estruturais do pulmão e as várias tonalidades cinza correspondentes aos tecidos moles do coração e dos pulmões. Contudo, no muito das vezes, a radiografia os ossos deve ser bem contrastada, para o possível detalhamento das margens corticais.
O fator de controle primário do contraste radiográfico é o ajuste correto da quilovoltagem (kVp). Quanto mais alta a kVp, maior é a intensidade da radiação, de modo que sua penetração ocorre mais uniformemente sobre todas as densidades dos tecidos. O resultado será menor perda da intensidade da radiação pela absorção dos tecidos, e, conseqüentemente, menor contraste na radiografia. Em contrapartida, quanto mais baixa a kVp, maior será a perda da intensidade da radiação, porém maior será o
contraste na radiografia.
A quilovoltagem é um fator de controle da densidade. Altas quilovoltagens resultam correspondentes aumentos da densidade, o que reduz a necessidade de mAs. A relação entre mAs e kVp é um fator de controle técnico, que reduz o risco de exposição à radiação, sem prejuízo da qualidade da radiografia. Via de regra, a prática é utilizar maior kVp e menor mAs, o que não impede a reprodução e imagens suficientes para o diagnóstico.


DETALHE RADIOGRÁFICO

Detalhe radiográfico é definido como a precisão ou nitidez geométrica das linhas estruturais reproduzidas na radiografia, é também chamado definição, nitidez, resolução, ou simplesmente detalhe. A insuficiência de detalhes é conhecida como borramento ou falta de nitidez.
O principal fator de controle do detalhe é o movimento, que pode ser voluntário, como a respiração, ou involuntário, como os batimentos cardíacos, o peristaltismo ou a vibração do equipamento.
Outros fatores que influenciam o detalhe são as distâncias entre a fonte de radiação e o paciente, o paciente e o filme, e a amplitude do feixe de radiação (ou feixe do feixe). Os raios-X obedecem às leis comuns da luz e da projeção, de forma que as variáveis mais importantes para a imagem ou radiografia é o diâmetro do feixe de radiação, a distância entre a fonte de radiação e o paciente, e a distância entre o paciente e o filme. Essas variáveis são controladas de modo a reduzir o máximo possível o borramento da imagem. Com relação ao efeito da distância do objeto a ser radiografado, o examinador deve estar ciente que quanto mais próximo o objeto estiver do filme radiográfico, mais nítida será a sua reprodução. A radiografia de tórax, por exemplo, geralmente é feita com projeção PA, porque os pulmões estão localizados na região anterior do tórax, e, portanto, essa posição fará com que eles fiquem mais próximos do filme. A coluna lombar, porém, é radiografada com projeção AP, pois, assim, ficará mais próxima do filme. Além disso, os segmentos da coluna, por estarem mais próximos do filme, serão reproduzidos com maior nitidez e os processos espinhosos serão mais bem detalhados.



                                *Observem como o detalhe permite visualizarmos bem a fratura


DISTORÇÃO RADIOGRÁFICA

Distorção, como o próprio nome indica, é a deformação ou distorção da forma do objeto radiografado. Essa reprodução distorcida é chamada distorção do tamanho ou da forma. A distorção do tamanho compreende tanto o alongamento como o encurtamento das dimensões na imagem. Os principais fatores de controle da distorção são: distância entre a fonte de radiação e o paciente, e este com o filme, o posicionamento do corpo e a incidência dos raios centrais do feixe. A distância entre a fonte de radiação e o filme, guardada na maioria das radiografias ósseas, é de 40 polegadas. A outra distância importante, entre o objeto e o filme, é variável. O controle dessas distâncias fornece o fator de magnificação da imagem. A magnificação é igual a distância existente entre a fonte de radiação e o filme, dividida pela distância entre a fonte de radiação e o paciente. Isso significa que, quanto mais próximo o objeto a ser radiografado estiver do filme, menor distorção ou magnificação ocorrerá, e melhor será o detalhamento. Ao examinar a radiografia e tentar conceber a terceira dimensão, é preciso entender que borramento e magnificação indicam que essa parte a estrutura estava distante do filme, portanto mais próximo da fonte de radiação.
A distorção da forma é a magnificação desigual da estrutura que está sendo examinada. A estrutura radiografada poderá parecer alongada, maior que a original, ou encurtada, menor que a original. Embora sejam feitos ajustes para minimizar a distorção, os planos irregulares do sistema esquelético, a distância entre eles e o filme, e a divergência do feixe de radiação, sempre possibilitam algum grau de distorção. O conceito de divergência do feixe de radiação é fundamental para a compreensão a distorção gerada. Assim como a luz, os raios X são divergentes em linha reta. Apenas a porção central do feixe que chega ao objeto e ao filme produz a radiografia. Quanto maior a distância que os raios centrais tenham que percorrer, maior será a distorção da imagem, devido aos efeitos da divergência. Além disso, quanto mais inclinada for a estrutura, maior será a distorção. Para minimizar a distorção, o corpo do paciente deverá ser posicionado junto ao filme o mais paralelo possível, e o feixe de radiação deverá ser focado o mais diretamente possível sobre o objeto ou estrutura a ser radiografada. O correto posicionamento do corpo resulta menor distorção e maior abertura das articulações, ou seja, os espaços articulares serão radiografados sem interferência das extremidades ósseas.

O QUE SÃO OS RAIOS-X?

O que são os Raios-X?

Os raios-X são uma onda eletromagnética, como a luz visível, as ondas de rádio, os raios infra-vermelhos, e os raios ultra-violetas. As ondas eletromagnéticas tem como características: a sua freqüência e o seu comprimento de onda, sendo estas duas características inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior a freqüência menor o comprimento de onda. A energia de uma onda é diretamente proporcional à sua frequência.

Como o raio-X é uma onda de alta energia, o seu comprimento de onda é muito curto da ordem de 10–12 m (um picômetro) e sua freqüência é da ordem de 1016 Hz. O comprimento de onda do raio-X está próximo do raio-?, que é radioativo. Com este comprimento de onda muito curto, estes raios tem a capacidade de penetrar na matéria, o que possibilita sua utilização no estudo dos tecidos do corpo humano.

                                   *Espectro energético das ondas eletromagnéticas


COMO É FEITA A PRODUÇÃO DOS RAIOS-X

Raios-X são produzidos ao se liberar energia no choque de elétrons de alta energia cinética contra uma placa de metal. Para tais efeitos utiliza-se um tubo de raio-X que consiste num tubo de vidro à vácuo com dois eletrodos de tungstênio (diodo), um ânodo (pólo positivo) e um cátodo (pólo negativo). O cátodo consiste num filamento de tungstênio muito fino que esquenta com a passagem de corrente elétrica de alta voltagem. Com isto os elétrons do tungstênio adquirem suficiente energia térmica para abandonar o cátodo (emissão termoiônica). Devido a alta voltagem cria-se também uma diferença de potencial entre os eletrodos o que faz que os elétrons emitidos pelo filamento de tungstênio sejam acelerados em direção ao ânodo (pólo positivo). A energia cinética dos elétrons depende da voltagem entre os eletrodos: quanto mais alta a voltagem maior a energia cinética. O ânodo está revestido por tungstênio e funciona como alvo para os elétrons.

No choque dos elétrons com o alvo de tungstênio a maioria da energia cinética destes é transformada infelizmente em calor, mas uma pequena parte produz raios-X através de três fenômenos: radiação característica, desaceleração (“Bremsstrahlung”) e choque nuclear.

A radiação característica ocorre quando o elétron em movimento choca-se com um elétron da camada interna do átomo do alvo de tungstênio e o desloca (caso a energia que ele adquiriu ao deslocar-se do cátodo para o ânodo seja maior que a energia de ligação da camada eletrônica), com isso a camada de energia que este elétron do átomo ocupava fica vaga.

Este átomo agora ionizado precisa se estabilizar. Para isto um elétron de uma camada mais externa migra para a vaga na camada de energia interna, liberando neste processo uma determinada e bem precisa quantidade de energia (fóton) na forma de raios-X. Esta energia corresponde a diferença entre as energias de ligação das duas camadas (a externa, que o elétron ocupava, e a mais interna que ele passou a ocupar). O fenômeno é chamado de radiação característica, já que essa energia das camadas é particular de cada elemento (poderíamos descobrir qual é o elemento do alvo a partir da análise das energias dos fótons de Rx produzidos pela radiação característica). No entanto a chance deste fenômeno (radiação característica) ocorrer não é muito grande.

Na desaceleração, ou efeito de “Bremsstrahlung”, o elétron em movimento tem sua trajetória desviada pela positividade do núcleo. Este desvio de trajetória é acompanhado por uma desaceleração o que faz que parte da energia cinética do elétron seja emitida como fóton de raio-X, que será de maior energia (maior freqüência) quanto maior for o ângulo de desvio da trajetória e quanto mais próximo estiver este elétron do núcleo. A desaceleração tem pouca chance de ocorrer em regiões próximas ao núcleo, devido à densidade nuclear (na verdade, o átomo é bem diáfano, e se compararmos o tamanho do núcleo a uma laranja, o limite do átomo de um determinado elemento estaria, por exemplo, a 3 Km de distância). Assim, a maioria dos elétrons sofrem interações distantes do núcleo e produzem fótons de baixa energia, agora não mais numa faixa de energia característica, mas sim numa variação constante, dependendo do co-seno do ângulo do desvio. A probabilidade desse fenômeno ocorrer também é pequena, porém tende a ser a maior fonte dos fótons de raios-X em relação aos dois outros fenômenos.

                                      *Fenômeno de Bremsstrahlung (desaceleração)


No choque nuclear, o elétron choca-se com o núcleo e produz um fóton de alta energia. Nesse caso, 100% da energia que ele adquiriu acelerando do cátodo para o ânodo é transformada em um fóton de raio-x. Por exemplo, se a diferença de potencial entre o cátodo e o ânodo é de 100.000 Volts (e na verdade é dessa ordem), o elétron que se chocar diretamente com o núcleo vai produzir um fóton de raio-x com energia de 100.000 eV (eletron-Volt). Aqui também, e principalmente neste caso, a probabilidade deste fenômeno ocorrer é baixa.

Dessa forma, temos que apenas uma parte da energia dos elétrons é convertida em raios-X pelos três fenômenos acima, sendo a maioria transformada em calor.


A INTERAÇÃO DOS RAIOS-X COM A MATÉRIA

Na obtenção da imagem por raios-X dois tipos de interação entre os raios-X e a matéria são importantes: o efeito fotoelétrico e o efeito Compton. Aqui, diferente da produção de raio-X, é o fóton que vai interagir com o átomo do organismo que se quer estudar (ou melhor produzir uma imagem).

O efeito fotoelétrico ocorre quando um fóton de raio-X choca-se com um elétron de um átomo e desloca-o de sua camada orbitária no átomo. Com a perda do elétron, o átomo fica ionizado. Nesta situação toda a energia do fóton de raio-X é utilizada para deslocar o elétron. Este efeito é muito acentuado nos materiais muito densos como, por exemplo, no chumbo e depende do número atômico do elemento (na verdade, é proporcional ao cubo desse número).


                                                            *Efeito fotoelétrico


COMO É OBTIDA A IMAGEM RADIOGRÁFICA ATRAVÉS DOS RAIOS-X

A imagem de radiografia convencional depende dos fótons resultantes da interação com o objeto que dependem por sua vez da espessura do objeto e da capacidade deste de absorver raios-X.

A detecção dos raios-X é feita através de um filme semelhante ao filme fotográfico. Este filme é composto de sais de prata (AgBr, AgI). Quando sensibilizado por um fóton de raio-X ou pela luz visível, o cátion de prata (íon positivo) acaba sendo neutralizado e vira metal (Ag0), e escurece. Por outro lado, o sal de prata que não foi sensibilizado pelo raio-X ou pela luz fica transparente.

Os filmes normalmente são compostos de camadas de plástico (poliéster) protegidas da luz. O uso de camadas de prata recobrindo as duas superfícies do plástico aumenta a sensibilidade do filme aos raios-x.

Resumindo a obtenção de imagens radiográficas: o feixe de raios-X piramidal vai atravessar o objeto que no nosso caso é o paciente. De acordo com as densidades das diversas estruturas que foram atravessadas pelo raio-X, haverá maior ou menor absorção destes raios. A resultante após a interação dos raios-X com o paciente é que irá sensibilizar o filme radiográfico, que dará a imagem final. É importante saber que as diferenças de densidade determinam as características radiológicas dos diferentes materiais e estruturas. Assim materiais densos como os metais absorvem muito os raios-X, pois tem um número atômico muito alto. Por outro lado, o ar, com densidade atômica e número atômico baixos não absorve os raios-x. Assim, temos em ordem crescente 5 densidades radiológicas básicas: ar, gordura, água, cálcio e metal.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

RADIOLOGIA DIGITAL x RADIOLOGIA CONVENCIONAL: VANTAGENS E DESVANTAGENS

RADIOLOGIA DIGITAL x RADIOLOGIA CONVENCIONAL: VANTAGENS E DESVANTAGENS





A radiografia se estabeleceu como um exame complementar essencial para a prática de serviços de saúde. Mas para permitir a avaliação de fraturas ósseas, do tecido pulmonar, das dimensões cardíacas, das alças intestinais e de muitas outras estruturas do corpo humano, o progresso começou ainda no final do século XIX. Os raios-X foram descobertos em 1895 por Wilhelm Conrad Roentgen, na Alemanha, que realizou então a primeira imagem radiográfica da história: um raio-X da mão direita de sua esposa. A partir de então, a radiografia já evoluiu muito, sendo hoje capaz de gerar imagens cada vez mais nítidas com a emissão de uma quantidade bem menor de radiação e uma exposição mais curta, principalmente com o surgimento da radiografia digital.

Mas, afinal, quais as diferenças entre a radiografia digital e a radiografia convencional? Quais as vantagens e as desvantagens de cada uma? 


COMO É FEITA A IMAGEM CONVENCIONAL?

A radiografia convencional utiliza a emissão de fótons de radiação (no caso de raios-X) e da interação deles com as matérias do organismo humano para gerar imagens. Os raios-X emitidos são parcialmente absorvidos pelo organismo, sendo que o restante consegue atravessar a matéria, chocando-se contra o filme radiográfico. Nesse momento, sensibiliza os sais de prata ali contidos, queimando-os. Como cada estrutura do corpo humano (seja tecido adiposo, músculo, osso, tecido pulmonar areado e assim por diante) absorve uma quantidade diferente da radiação, o filme é queimado de acordo com esse padrão. Dessa forma, acaba gerando uma imagem sobreposta de todas as estruturas atravessadas pelos raios no caminho.
Para que a imagem se torne visível, no entanto, é necessário que o filme seja revelado e gere representações em tons de cinza. Nessa paleta, as tonalidades mais próximas ao branco representam materiais densos, que absorveram toda a radiação e impediram que o filme se queimasse. Já os tons mais escuros indicam que a maioria dos raios-X conseguiram atravessar a estrutura e queimar o filme, representando, dessa maneira, estruturas pouco densas. 


E COMO É FEITA A RADIOGRAFIA DIGITAL?

A radiografia digital se baseia nos mesmos princípios de emissão de raios-X e de sua interação com o organismo humano. A diferença está apenas em como os raios que atravessam a matéria serão capturados e processados de modo a gerar a imagem. Nesse caso, não há a necessidade do uso de placas de filme ou do processo de revelação.
Na radiografia digital direta, o raios-X são capturados por uma placa de circuitos sensíveis à radiação que gera uma imagem digital e a envia ao computador na forma de sinais elétricos. Uma vez no computador, a imagem pode ser processada, enviada para os profissionais de saúde, armazenadas ou até mesmo impressas. Já na radiografia digital indireta, os raios são capturados por uma placa de fósforo que precisa ser escaneada a fim de que a imagem seja transmitida ao computador. A partir daí, ela pode ser processada e destinada para os mais diversos locais, da mesma forma que a radiografia direta.


QUAIS AS DESVANTAGENS DA RADIOGRAFIA CONVENCIONAL?

Apesar da simplicidade, para que uma boa imagem seja gerada na radiografia convencional, é necessário a emissão da quantidade correta de radiação. Um erro na dose pode gerar uma imagem muito ou pouco penetrada, que não permitirá a identificação de lesões com segurança. Mas mesmo com a técnica perfeita, considerando que a nitidez e o contraste da imagem radiográfica convencional são naturalmente mais baixos, o paciente acaba se expondo a uma quantidade maior de radiação do que no caso da radiografia digital para que uma imagem da mesma qualidade seja feita.
O processo de revelação do filme, além de ser uma etapa a mais (que, portanto, necessita da contratação de mais profissionais), gera substâncias tóxicas que contribuem para a poluição do ambiente. E o próprio filme acaba sendo descartado ao longo dos anos, contribuindo para a geração de lixo. No mais, embora o processo de revelação seja feito em menos de uma hora, não se compara com a agilidade do sistema digital, que consegue gerar a imagem no computador em apenas alguns segundos.


QUAIS AS VANTAGENS DA RADIOGRAFIA CONVENCIONAL?

Por ser uma tecnologia já muito bem estabelecida, a radiografia convencional pode ser realizada com equipamentos mais baratos e simples, não sendo necessário qualquer conhecimento especializado para dar andamento ao processo. Assim, basta o bom posicionamento do filme e do paciente, com a emissão dos raios-x na quantidade certa pelo tempo pré-determinado. Por isso, pequenos centros de saúde ou de imagem já conseguem realizar o exame, aumentando o acesso da população.


QUAIS AS DESVANTAGENS DA RADIOGRAFIA DIGITAL?

Por ser uma tecnologia relativamente recente, a radiografia digital demanda um investimento maior em termos de equipamentos e de atualização dos técnicos, que devem estar aptos para lidar com o processamento da imagem no computador.


QUAIS AS VANTAGENS DA RADIOGRAFIA DIGITAL?

Sendo superior em relação à nitidez, ao contraste, aos detalhes e à diferenciação de densidades, a imagem gerada pelo sistema digital exige uma exposição menos rigorosa à radiação do que a radiografia convencional. E só isso já reduz os riscos do exame para o paciente, além de tornar o ambiente de trabalho mais seguro para o técnico. Fora isso, como a imagem é imediatamente gerada no computador, pode ser rapidamente encaminhada para o médico radiologista. Esse profissional logo emite o laudo para um especialista remoto ou para o médico responsável pelo paciente dentro da instituição, que já pode então diagnosticar e iniciar o tratamento adequado, trazendo assim maior agilidade e eficiência a todo o processo de cuidado.
Toda essa mobilidade do arquivo digital da radiografia é facilitada ainda pelo Sistema Digital de Arquivamento e Comunicação (PACS) integrado ao Radiology Information System (RIS), utilizado em todo o mundo pelos serviços da área médica, seguindo os padrões de qualidade estabelecidos pelo Digital Imaging and Communications in Medicine (DICOM). Assim, a instituição economiza no quesito tempo de processamento e transporte, ganhando produtividade.
Outra grande vantagem da radiografia digital se vê pela possibilidade de processamento da imagem no computador, o que permite o ajuste do contraste, a equalização por histograma e até mesmo a subtração de imagens de forma a favorecer a identificação de lesões. Tudo isso sem o uso de filmes e substâncias poluentes, o que torna a radiologia digital bem mais sustentável